Instabilidade patelar lateral: causas, exames e tratamento

Se você sente a sensação de que o joelho “foge” para o lado ou já teve a patela deslocada, sabe o quanto isso assusta e limita. A Instabilidade patelar lateral é uma causa comum de dor e episódios de bloqueio no joelho, principalmente em esportistas e jovens ativos.

Neste artigo eu explico, de forma direta e prática, o que causa essa instabilidade, quais exames vão confirmar o diagnóstico e como tratar — desde exercícios simples até opções cirúrgicas quando necessário.

O que é Instabilidade patelar lateral?

Conforme informado pelos profissionais do Centro Ortopédico Especializado em Goiânia (COE), instabilidade patelar lateral é o movimento excessivo ou o deslocamento da patela para fora do sulco femoral. Isso pode variar de uma subluxação momentânea a uma luxação completa.

O problema costuma ocorrer quando a patela não está bem alinhada ou quando os ligamentos e músculos que a controlam são fracos ou lesionados.

Causas mais comuns

Entender a causa ajuda a escolher o tratamento certo. Normalmente há uma combinação de fatores anatômicos e funcionais.

  • Formato ósseo: Sulco femoral raso ou patela em formato diferente podem facilitar o deslizamento para fora.
  • Alinhamento do membro inferior: Pé valgo, joelho em valgo ou rotação excessiva do fêmur influenciam o trajeto da patela.
  • Lesões ligamentares: Ruptura do ligamento patelofemoral medial após um trauma.
  • Fraqueza muscular: Desequilíbrio ou fraqueza do quadríceps, especialmente do músculo vasto medial oblíquo.
  • História prévia de luxação: Cada episódio pode danificar as estruturas de contenção, aumentando o risco de recorrência.

Sinais e sintomas

Os sintomas variam conforme a gravidade. Às vezes é um desconforto leve, outras vezes uma dor aguda com incapacidade de movimentar o joelho.

  • Dor anterior no joelho: Especialmente ao subir escadas ou levantar da cadeira.
  • Sensação de “sair do lugar”: Um estalo e a patela desloca para fora.
  • Inchaço: Pode aparecer logo após o episódio.
  • Instabilidade crônica: Sensação de que o joelho vai falhar durante atividades.

Exames e como confirmar o diagnóstico

O diagnóstico começa com a história clínica e o exame físico. O médico avalia o alinhamento, o traçado da patela e a estabilidade com manobras específicas.

Alguns exames que ajudam a confirmar ou detalhar a lesão:

  • Radiografia simples: Avalia a posição da patela e possíveis fraturas associadas.
  • Tomografia computadorizada: Detalha o trajeto da patela e permite medir índices anatômicos.
  • Ressonância magnética: Detecta lesões ligamentares, hemartrose e danos na cartilagem.

Se você estiver em dúvida sobre onde buscar avaliação, marque consulta com um ortopedista para orientação. Um especialista em joelho fará a relação correta entre sintomas, exame clínico e imagens.

Tratamento: quando conservador funciona e quando operar

Na visão dos ortopedistas mais bem avaliados, nem toda instabilidade precisa de cirurgia. Muitas pessoas melhoram com medidas conservadoras bem aplicadas.

Tratamento conservador

O foco é reduzir dor, controlar episódios e reforçar a musculatura estabilizadora.

  1. Repouso relativo e gelo: Nos primeiros dias após a crise, reduzir atividades que provocam dor e aplicar gelo.
  2. Imobilização temporária: Em casos de dor intensa ou luxação aguda, pode ser necessário imobilizar por curto período.
  3. Fisioterapia: Programa progressivo de fortalecimento do quadríceps, reeducação do controle motor e treino de equilíbrio.
  4. Órtese ou joelheira: Em alguns casos usa-se contenção para dar segurança durante a reabilitação.

A fisioterapia é a base do tratamento conservador. Com exercícios corretos e consistência, muitos pacientes retomam as atividades sem cirurgia.

Indicações cirúrgicas

A cirurgia é indicada quando há instabilidade recorrente, lesão ligamentar importante ou fatores anatômicos que não melhoram nos tratamentos conservadores.

  • Reparo/reatamento do ligamento medial: Feito quando há ruptura do conteúdo estabilizador.
  • Transposição da tuberosidade tibial: Ajusta a linha de tração da patela quando o desvio é grande.
  • Artroscopia e correção da cartilagem: Para tratar lesões associadas na superfície articular.

A decisão é personalizada. O cirurgião avalia imagens, instabilidade clínica e objetivo do paciente antes de propor a melhor técnica.

Reabilitação e retorno às atividades

Depois da cirurgia ou do tratamento conservador, a reabilitação segue etapas: controle da dor, ganho de movimento, fortalecimento e retorno gradual ao esporte.

Programas de reabilitação normalmente duram de 3 a 6 meses, dependendo da gravidade e do tipo de intervenção.

Prevenção de novos episódios

Algumas medidas simples reduzem a chance da Instabilidade patelar lateral reaparecer.

  • Fortalecer o quadríceps: Priorizar o vasto medial oblíquo com exercícios específicos.
  • Melhorar controle neuromuscular: Treinos de equilíbrio e pliometria progressiva.
  • Atenção ao alinhamento: Avaliar calçados e possíveis correções posturais.
  • Progressão de carga: Aumentar a intensidade do treino gradualmente para evitar sobrecarga.

Quando procurar atendimento

Procure atendimento imediato se a patela estiver fora do lugar e você não conseguir recolocá-la ou se houver dor intensa e inchaço grande. Em casos de episódios repetidos, agende avaliação com especialista.

Resumo: a Instabilidade patelar lateral é tratável. Primeiro passo é um bom diagnóstico com exame clínico e imagens. Em muitos casos, fisioterapia e exercícios bem guiados resolvem.

Quando há lesões estruturais ou repetição frequente, a cirurgia pode ser necessária. Consulte um especialista para montar um plano personalizado e comece a reabilitação cedo.

Coloque em prática as dicas de fortalecimento e marque uma avaliação se houver dor ou sensação de instabilidade. Agir cedo reduz o risco de novos episódios e ajuda você a voltar às suas atividades com mais segurança.

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